domingo, 12 de dezembro de 2010

O final da história (IV)

Diversos são meus problemas de saúde; mais diversa ainda é a medicação que tomo diariamente. As despesas mensais de minha família com a saúde são altas; alcançam mais de três salários mínimos no valor atual. Aviso aos navegantes internetianos que chamo de minha família, minha esposa e eu. E a maior parte desses gastos familiares é comigo, com remédios e similares. É barra!
Mas, nem tudo são espinhos. Tem aqueles optimistas que nos “estimulam”. Quando encontramos um conhecido de longa data (pode ser um dos nossos “irmãos” Elifaz, Bildade ou Zofar, cfe. Livro de Jó), ouvimos este comentário ou semelhante:
– Você está muito bem. Que sintoma? Nem se nota...
Depois, nos vêm com um texto que contém frases ricas como estas:
– Ora, já tem cura. Eu li (em um artigo, quase sempre na internet) ou vi no noticiário da televisão (informação confiável, sem dúvidas), que as pesquisas com blablablá (leia-se terapia tal, medicamento tal, cirurgia tal) estão muito adiantadas. Por que você não experimenta? Conhece fulano? Ele está ótimo depois que blablabláou (leia-se terapia tal, medicamento tal, cirurgia tal). Antes, a situação era muito difícil. Mas, hoje em dia, com o avanço da ciência...
Pois é, não é?...
Eu e minha família chegamos à conclusão que gastamos nosso rico dinheirinho (!) com aquilo que não é pão.

“Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom e vos deleitareis com finos manjares.” (Isaías 55.2).

Será este texto sagrado apropriado para o nosso caso?
Quem está acompanhando esta novela desde o primeiro capítulo, talvez esteja pensando em voz alta:
– Coitados...
Apesar de autor do texto desta novela e protagonista “principal” (Como se costuma dizer nos meios de comunicação. Aviso aos navegantes internetianos que o vocábulo protagonista se refere à personagem principal...), também sou um dos poucos leitores (é verdade, mas um leitor assíduo...) que acompanha este drama pessoal e familiar, fazendo parte deste pequeno coro das pensantes vozes altas. Estou com os demais cantantes:
– Coitados...
Este, ainda, não é o final da história.

[Continua nos próximos capítulos]