quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Embainha a tua espada

Não gosto de fofocas, disse-me-disse, leva-e-traz. Mas, por mais que a gente não goste e nem queira saber, sempre aparece alguém que, à revelia, vem com uma nova, uma novíssima. E, mesmo não gostando desses mexericos, ao passar por um grupo de pessoas que conversava animadamente, não pude deixar de escutar o que uma delas falou. Falou, não. Berrou:

– Vocês sabiam que vários desses “apóstolos”, “bispos”, “missionários”, “pastores” que andam por aí, andam com seguranças? E seguranças armados?

Nem fiquei para ouvir o resto da estória. São intrigas, calúnias. Os bisbilhoteiros sempre vomitam coisas como essas como se fossem testemunhas dos fatos que contam. Dá pra confiar?

Vejam bem: o Senhor, nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor nosso e dos bispos, pastores, evangelistas utilizava-se de seguranças armados?

É hora de folhear a Bíblia. No Evangelho segundo Marcos, encontramos estas passagens:

“Tendo Jesus voltado no barco, para o outro lado, afluiu para ele grande multidão; e ele estava junto do mar.”

“Grande multidão o seguia, comprimindo-o.”
“Responderam-lhe seus discípulos: Vês que a multidão te aperta e dizes: Quem me tocou?” (Marcos 5.21, 24b, 31).

Se o comprimiam, o apertavam e alguém o tocou, deduz-se que o Senhor não tinha guardas que o protegessem.

E após o acontecido no Getsêmani, quando, guiados por Judas Iscariotes, “grande turba e guardas com lanternas, tochas e armas (espadas e porretes), vinda da parte dos principais sacerdotes, escribas e dos anciãos do povo” (cfe. Mateus 26.47; Marcos 14.43; João 18.3), vieram prender o Senhor Jesus, aconteceu o fato seguinte, contado pelos quatro evangelistas que transcrevo abaixo:

“Então, lhe deitaram as mãos e o prenderam. Nisto, um dos circunstantes, sacando da espada, feriu o servo do sumo sacerdote e cortou-lhe a orelha.” (Marcos 14.46, 47).

O evangelista Lucas descreve o que fez o Senhor:

“Mas Jesus acudiu, dizendo: Deixai, basta. E, tocando-lhe a orelha, o curou.” (Lucas 22.51).

O evangelista Mateus fala do que o Senhor poderia ter feito e não fez:

“Acaso, pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos?” (Mateus 26.53).

E o evangelista e apóstolo João informa que foi o apóstolo Pedro que tentou bancar o segurança do Senhor Jesus:

“Então, Simão Pedro puxou da espada que trazia e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita; e o nome do servo era Malco. Mas Jesus disse a Pedro: Mete a espada na bainha; não beberei, porventura, o cálice que o Pai me deu?” (João 18.10-11).

Não dou ouvidos a chocalhices. Se o Senhor não tinha seguranças, certamente não têm os seus servos.

“Então, Jesus lhe disse: Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada à espada perecerão.” (Mateus 26.52).