Há alguns dias atrás, assisti pela televisão, um jornalista, com bom humor, definir o Brasil como sendo uma república monarquista.
Nada mais verdadeiro.
Depois de 15 de novembro de 1889, quando o Marechal Deodoro da Fonseca, grande amigo de D. Pedro II, montado em seu cavalo, proclamou a República, com o grito “Viva o imperador!” (Abafado pelos gritos de “Viva a República!”, puxados pelos republicanos liderados por Quintino Bocaiúva, segundo informa o historiador Hélio Silva), o país têm atravessado diversos períodos monárquicos.
Temos o rei do futebol; o rei, a rainha e as princesas das festas populares; o rei da voz, da canção, a rainha da beleza, do lar etc., etc. e tal. E, quanto aos governos municipal, estadual e federal, temos uma nobreza que se esconde sob títulos de “prefeitos, governadores e presidentes”, mas que são, na verdade, “barões, condes etc. e reis” eleitos, como todos os monarcas brasileiros pós 1889, por qualquer tipo de sufrágio: direto ou indireto, ou seja, popular ou através de um júri, como nos concursos de beleza.
Nossas monarquias são leves, “softs”, porque em nossa terra não é necessário que os governantes anteriores morram para serem substituídos. Os novos monarcas são eleitos, reeleitos, quase indefinidamente. Alguns têm reinados perpétuos; uma vez no trono, para sempre soberanos: o Rei Pelé, a Rainha Marta Rocha e outros poucos.
Hoje, 1º de novembro de 2010, temos mais um “rei”, ou melhor, uma “rainha” eleita na presidência da República. Seu “reinado” é de quatro anos, que pode ser ampliado por mais quatro anos, segundo as leis nacionais. O “rei” atual passará o “cetro, coroa” e faixa presidencial, em 1º de janeiro à nova monarca (a primeira na presidência da nossa “república monárquica”).
Quanto a nós, que nos submetemos ao Rei dos Reis, independentemente daquele em quem votamos nos primeiro e segundo turnos (Ou mesmo se votamos em alguém, anulamos ou nos abstemos), temos as seguintes ordenanças:
“Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito.” (1 Timóteo 2.1, 2)
“Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, quer seja ao rei, como soberano, quer às autoridades, como enviadas por ele, tanto para castigo dos malfeitores como para louvor dos que praticam o bem. Porque assim é a vontade de Deus, que, pela prática do bem, façais emudecer a ignorância dos insensatos; como livres que sois, não usando, todavia, a liberdade por pretexto da malícia, mas vivendo como servos de Deus. Tratai todos com honra, amai os irmãos, temei a Deus, honrai o rei.” (1 Pedro 2.13-17)
Os franceses criaram e divulgaram o texto: “Le Roi est mort, vive Le Roi! (O Rei está morto, viva o Rei!)”; nós o adaptamos: “Le Roi n’est pas mort, vive la Reine! (O Rei não está morto, viva a Rainha!)”.
Com sujeição, súplicas, orações, intercessões e ações de graças, honremos a Rainha.