No último ano do século XX, em meados de 2000, depois de ter sido acometido por uma vertigem súbita e começar a tomar um determinado medicamento por orientação médica num atendimento de emergência, entrei numa depressão profunda, algo que conhecia apenas por ouvir falar; nunca antes sentira.
Em conseqüência, fui, aos poucos, interrompendo todas as minhas atividades. Não conseguia escrever, ler qualquer texto, por mais simples que fosse.
Mal falava e, quando falava, era quase monossilábico.
Meu rosto praticamente não tinha expressão e minha mão direita apresentava um tremor e, ainda por cima, passava a maior parte do dia deitado.
Minha esposa, preocupada, queria que procurasse auxílio médico. Mas, eu me recusava. Achava que esta “depressão” ocorria por causa dos meus problemas profissionais, das enormes dificuldades que atravessava neste período.
Tanto ela insistiu que aceitei. Fomos a uma famosa clínica especializada em neurologia. Durante a consulta, a médica me submeteu a um “exame” que consistia em ir diversas vezes até o fim de um corredor e voltar. Por fim, concluiu para minha esposa, num “diagnóstico” à parte:
– É frescura.
E, depois, disse para mim que deveria continuar tomando a medicação prescrita pelo seu colega e que procurasse me distrair um pouco.
E meu quadro piorou.
Minha esposa, apesar de estar cheia de dúvidas por causa das palavras da neurologista (Estaria eu fingindo ou a médica errara?), voltou a insistir para que eu procurasse outro médico.
Nesta época, minha mãe ficou gravemente doente. Foi diagnosticado um câncer no intestino e ela precisava ser operada imediatamente. Seu médico não dava muita esperança. E minha esposa, aproveitando a situação, me fez dar minha palavra a minha mãe que eu procuraria ajuda médica.
Graças ao Senhor Deus, a operação de minha mãe foi muito bem sucedida e ela não precisou fazer nenhum tratamento adicional.
E, cumprindo a palavra dada (Conforme as ordens mais que claras que estão em Mateus 5.37: “Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno.”; e em Tiago 5:12: “Acima de tudo, porém, meus irmãos, não jureis nem pelo céu, nem pela terra, nem por qualquer outro voto; antes, seja o vosso sim sim, e o vosso não não, para não cairdes em juízo.”), fui a outro médico, também um neurologista. Este, agora, por indicação de minha cunhada.
Na primeira consulta, ao observar meu quadro, ele mandou que parasse imediatamente com a medicação que estava tomando, por ser completamente inadequada, prescrevendo um antidepressivo e pedindo que retornasse para uma nova consulta no prazo de um mês.
Obviamente, o médico queria ver se os sintomas permaneceriam com a medicação que indicou. Após o prazo determinado, retornei ao consultório. Ao me examinar, ele viu que meu quadro permanecia quase inalterado e fez o diagnóstico. Pediu diversos exames, manteve o antidepressivo por um tempo e passou uma nova receita que incluía uma série de remédios.
Com os novos remédios, embora os sintomas tivessem reduzido de intensidade, um deles logo desapareceu: a depressão. E, em pouco tempo, gradativamente, comecei, em 2001, no primeiro ano do século XXI, a retornar às minhas atividades. Voltei a ler, a escrever e a falar (Pelos cotovelos, como sempre...).
A frescura que estava em mim tinha um nome: mal de Parkinson.
Este, porém, não é o final da história.
[Continua nos próximos capítulos]