quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ler a Bíblia II

Nesses anos de vida cristã, já li a Bíblia por diversas vezes. Não vou informar quantas foram, porque não vejo isto como uma “competição”; mas uma necessidade pessoal. Então, o “número de vezes” ficará por conta da imaginação dos leitores...

No meu primeiro encontro com o Texto Sagrado, estava muito faminto e sedento e, então, li-o em quarenta dias; sendo duas vezes o Novo Testamento, uma vez o Antigo Testamento.

Nesta gula santa, procurei adquirir várias Bíblias, publicadas por diversas editoras, em traduções revisadas e atualizadas, corrigidas, versões em linguagens atual, de estudo, a Bíblia hebraica – em português, e Bíblias em outros idiomas, incluindo os originais em hebraico e grego. Tenho por hábito ler a Bíblia diariamente. Acabo uma tradução ou versão e começo outra tradução ou versão diferente. Tenho sempre junto comigo a Chave Bíblica e um bom dicionário bíblico. Livros de estudos também são importantes; principalmente aqueles que comentam livro a livro da Bíblia. Leio, releio e releio o Texto Sagrado. Ô, fome! E minha tradução favorita é a do Almeida, revista e atualizada, publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil.

Não é difícil ler a Palavra de Deus. Basta ter boa vontade e disposição. Não se preocupe com a dificuldade do texto. Alguém já disse que a Bíblia é o único livro que vem com o Autor! Então, teremos, sempre presente, este Autor, um Mestre a nos orientar e nos conduzir ao bom entendimento.

Mesmo assim, quando alguém, por qualquer razão, não consegue compreender uma passagem difícil, pode ainda fazer como eu, ou seja, procurar ajuda nos livros de estudo e comentários bíblicos, dicionários ou com mestres e pastores. Se ainda assim as dúvidas persistirem, siga o que, uma vez, aconselhou o reformador Martinho Lutero: “Faça uma reverência e passe adiante.” Pois, saiba, leitor, que aquela passagem difícil se tornará facílima para o seu entendimento no momento certo. Seja paciente. Espere a explicação do Autor. É o que procuro fazer.

É possível ler a Bíblia em um ano. Três capítulos durante a semana e quatro no fim de semana, ou, para simplificar, quatro capítulos por dia é o bastante. Se ler oito capítulos por dia, a terá lido por duas vezes no ano. Pode-se ler um pouco de manhã e um pouco à noite. Se achar que oito ou quatro capítulos é muito, leia dois por dia e a lerá em dois anos. Se for um por dia, a leitura será em quatro anos. Sugiro dois por dia: um do Antigo e um do Novo Testamento, enquanto vai anotando os livros que leu. Caminhando deste modo, em dois anos, mais ou menos, a pessoa terá lido uma vez a Bíblia e duas vezes o Novo Testamento. É fácil. Basta boa vontade e disposição. Experimentem, caros leitores.

“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos.” (Salmos 119. 105)

(Leia: Salmo 119 – de oito em oito versículos. Leitura completa em 22 dias)

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Ler a Bíblia I

Uma vez, um discípulo perguntou ao seu mestre, depois que este tinha lhe feito uma recomendação para que lesse a Bíblia diariamente:
– Por que devemos lê-la diariamente? Não basta de vez em quando?

O velho sábio, simplesmente, respondeu:
– Pegue aquele cesto sujo que está ali no chão, leve-o até o rio próximo e me traga um pouco d’água.

O rapaz, obediente, fez o que lhe foi mandado. Ao vê-lo, o mestre logo pergunta:
– O que você aprendeu?
– Que o cesto não pode reter a água. Ela vazou por todos os pontos, respondeu o rapaz.
– Torne ao rio e me traga a água que pedi.

O rapaz, sempre obediente, foi e voltou.

– O que você aprendeu desta vez? – pergunta o velho.
– O cesto, mais uma vez, não pôde reter a água.
– Torne ao rio.
– Com o cesto?
– Sim.

E lá se vai o rapaz, indo e voltando, ouvindo a mesma pergunta, dando a mesma resposta e recebendo a mesma ordem do insistente sábio:
– Torne ao rio e me traga a água que pedi.

Isto foi assim até que, finalmente, o rapaz deu a seu mestre a seguinte resposta:
– Todas as vezes que fui ao rio e tentei encher o cesto com a água, vi que ele não pôde retê-la. Por outro lado, o cesto agora está tão limpo que chega a brilhar!

(Leia: 1 Timóteo 5.18)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O Reencontro

Há algum tempo, perdi um amigo. É sempre duro perder um ente querido. O câncer levou este meu amigo e parceiro no trabalho. Foi rápido. Diagnosticou-se a doença, impossível de operar, vieram os tratamentos, o coma e a morte.

Lembremos as palavras de Jesus em João 11.25, 26:

“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente. Crês isto?”.

Eu creio.

Meu amigo, pouco antes de entrar em coma, embora com muita dificuldade, começou a ler o Novo Testamento. E, estando muito mal, seu pai quis levar em sua casa uma rezadeira para fazer uns “passes” para ele ficar curado. No entanto, ele, com voz bastante fraca, respondeu:
– Não, meu pai. Eu sou de Jesus Cristo!

Ele creu. Voltaremos a nos encontrar.

(Leia: Romanos 10.9,10)

[Texto revisado. Publicado originalmente no devocionário Semente de Esperança. Edição da Pastoral Popular Luterana/Editora Sinodal. Santa Catarina, 2003.]

domingo, 18 de outubro de 2009

As boas obras

É muito fácil encontrar, dentre aqueles que se identificam como cristãos, pessoas extremamente angustiadas, que passam os seus dias em busca de uma “comunhão perfeita” com Deus. Então, vivem procurando fazer “boas obras”, a fim de alcançar esta comunhão pretendida e assim se aproximarem, mais e mais, do Senhor Deus.
Assim pensam e agem estes irmãos.

Mas, o que nos diz a Palavra de Deus?

“Pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras para que ninguém se glorie.” (Efésios 2.8,9)

Vejam bem, meus amigos e irmãos, não há obra que possamos fazer para sermos salvos. É pela graça de Deus que vem a salvação. Nem podemos utilizar a nossa própria fé, ou seja, a fé em nós mesmos, pois a fé, a verdadeira fé, é dom de Deus (E a medida é Ele quem dá!, cfe. Rm 12.3). Pois, como afirma, ainda, a Palavra do Senhor em Efésios 2.10:

“Somos feitos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”.

Foi o Senhor Deus quem relacionou antecipadamente quais são as obras que Ele considera boas e quer que as façamos.

– Onde encontrar esta relação de obras? – perguntaria o leitor interessado.

Esta relação pode ser encontrada em diversas passagens do Novo Testamento, querido leitor. Vamos lê-lo?

(Leia: Efésios 2.4-10)

[Texto revisado. Publicado originalmente no devocionário Semente de Esperança. Edição da Pastoral Popular Luterana/Editora Sinodal. Santa Catarina, 2000.]

sábado, 17 de outubro de 2009

Qual igreja ir no domingo?

Não nasci num lar cristão. Durante muitos anos fui ateu e um adversário de Deus (como se isso fosse possível...). Um dia, devido a uma doença, comecei a ler a Palavra de Deus e quando me dei por mim, estava crendo. Passei, então, a procurar cultos evangélicos em diversas denominações, procurando encontrar pessoas que tivessem a mesma fé. Não sabia, mas necessitava de comunhão com irmãos.

Ainda no meu tempo de ateísmo, casei-me com uma luterana e tive, por não ser batizado, que fazê-lo, mesmo sem crer para poder casar na igreja. Era esse o desejo de minha noiva e como contrariá-lo? Ficamos casados por quatro anos e, depois de muitas brigas, separamo-nos. E um dos maiores motivos das nossas desavenças era aquela minha certidão de batismo!

Anos depois, num sábado, seis meses depois de convertido, pensava em qual igreja iria assistir o culto de domingo. De repente, ouvi claramente uma voz : - Vá a igreja onde você se batizou. (cfe. Hebreus 3.7)

Isto me transmitiu uma enorme paz interior. E no dia seguinte lá estava eu na paróquia Martin Luther.

Glória seja ao Pai, e ao Filho, e ao Espírito Santo!
           
(Leia: Hebreus 3.7-19)

[Texto revisado. Publicado originalmente no devocionário Semente de Esperança. Edição da Pastoral Popular Luterana/Editora Sinodal. Santa Catarina, 2000.]

Não deixemos de congregar-nos

Já fazia um ano que aquele casal amigo não freqüentava nossa igreja. Ele estava desempregado há uns cinco meses e, ainda por cima, os dois não se entendiam mais e se propunham a uma separação. Num sábado, bem no meio da crise, minha mulher e eu fomos visitá-los. A esposa nos recebeu visivelmente angustiada. E conversa vai, conversa vem, a convidamos para o culto de domingo. Ela foi e no domingo seguinte, lá estava o marido. Dois domingos depois, nosso amigo estava empregado e o casal tinha se reconciliado.

A Palavra de Deus nos diz o seguinte: “Em todo o lugar onde eu fizer celebrar a memória do meu nome, virei a ti, e te abençoarei.” (Êxodo 20.24b)

E foi o que aconteceu. Nossos amigos foram abençoados.

Muitas pessoas têm buscado as chamadas “igrejas de poder”. Argumentam que em nossas igrejas não se ora por angústias, doenças, problemas financeiros, brigas familiares etc. Então, procuram reuniões onde encontrem as “orações fortes” do tipo “há um irmão ali que é uma benção”. Olhem, meus amigos, não estou dizendo que vocês não possam visitar irmãos de outras igrejas ou reuniões de oração. Nós gostamos de fazer isso vez por outra.

Mas, não devemos ser “como meninos, levados por vento de doutrina” (cfe. Efésios 4.14), deixando de ir a nossa comunidade.
Se não há “orações fortes” em nossas igrejas é porque nós não as fazemos. Porém, como vimos, aquele casal foi abençoado, apenas pelo fato de ir ao culto, sem que houvesse uma oração específica por eles.

Conforme Hebreus 10.25, “não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns...” “E irás ao lugar que o Senhor Deus escolher para ali fazer habitar o seu nome.” (Deuteronômio 26.2b)

Vá à sua igreja no domingo. Você será abençoado. Experimente!

(Leia: Hebreus 10.25)

[Texto revisado. Publicado originalmente no devocionário Semente de Esperança. Edição da Pastoral Popular Luterana/Editora Sinodal. Santa Catarina, 1998.]

domingo, 11 de outubro de 2009

Vinde às águas!

Não me lembro de ter ido, alguma vez na minha infância ou adolescência, a um culto ou escola dominical. Meu pai era católico de estatísticas, ou seja, não passava nem perto de uma missa; e minha mãe, apesar de sua formação evangélica, estava afastada da igreja. Papai, perseguido nos anos negros da ditadura militar, foi um intelectual socialista – não comunista, inconformado com a injustiça social que reina absoluta neste país.

Herdeiro desta indignação, aos vinte e poucos anos tornei-me marxista, daqueles capazes de estudar, até a exaustão, Karl Marx e toda a sua turma. Um marxista ortodoxo, e, consequentemente, ateu. E mais: um combatente feroz da existência de Deus.

Porém, conforme o Livro dos livros, em Isaías 55.9, se lê que o Senhor Deus tem os “Seus caminhos”, que não são os nossos caminhos.

Gosto de ler, assuntos diversos. Desde a juventude, tudo o que caía em minhas mãos, eu traçava. E, confesso, sou do mesmo jeitinho até os dias de hoje...

Deus tem os “Seus caminhos”. E, um dia qualquer do ano de 1987, adoeci. Foi uma “enfermidade” tal, que fiquei completamente impossibilitado de sair de casa. Então, nada mais tendo para fazer, não me restou outra alternativa senão fazer o que já era um hábito, quase um vício: ler.

Então, para passar o tempo, resolvi, sabe-se lá o porquê, fazer um estudo comparativo entre a mitologia greco-romana e a “mitologia hebraica”. Peguei um livro, repleto de páginas, que adquirira há tempos e que nunca tivera uma oportunidade real para abrir, e uma Bíblia, muito mais repleta de páginas, que jazia esquecida numa prateleira.

Uma Bíblia na casa de um ateu!? O Senhor Deus tem os “Seus caminhos”...
Mergulhado até a alma no tal estudo, fui confrontando as “mitologias”, comparando aqui e ali, quando aconteceu um fato, um tremendo fato. Alguém disse, um dia, que a Bíblia é o único livro que vem com o autor! E este Autor, por sua infinita misericórdia, falou diretamente comigo.

Assim, em meio à leitura, me reconheci como um pecador, entregando minha vida ao Senhor Jesus Cristo, o Filho do Deus vivo, Deus de toda justiça, Deus da Graça e de toda misericórdia.

Com o auxílio do Espírito Santo – o grande ensinador! – , descobri que a Bíblia é a Palavra de Deus e, com enorme prazer, prazer que jamais tive com todos os inúmeros livros que lera, li a Bíblia em quarenta dias, sendo uma vez o Antigo Testamento e duas vezes o Novo Testamento.

“Ah! todos vós que tendes sede, vinde às águas” (Isaías 55.1).

Quanto ao compêndio de mitologia greco-romana, está lá, querido leitor, na estante, cada vez mais empoeirado, com um marcador jazendo na página 103.

(Leia: Isaías 55.1-13)

[Texto revisado. Publicado originalmente no devocionário Semente de Esperança. Edição da Pastoral Popular Luterana/Editora Sinodal. Santa Catarina, 1997.]

domingo, 4 de outubro de 2009

Tenho fé?

Dentre as inúmeras dúvidas que surgem na cabeça de um cristão, a mais popular é aquela em que ele diz:
– Não tenho fé.

Ou então:
– Não tenho muita fé.

Será que é assim mesmo? Pode um cristão não ter fé? Vamos consultar a Bíblia, a Palavra de Deus.

Na Epístola aos Hebreus, capítulo 11, versículo 1, encontramos a definição de :

“Ora, a fé é a certeza de cousas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem”.

E, mais adiante no versículo 6:

“De fato, sem fé é impossível agradar a Deus”.

Isto é “assustador”! E é aí que a coisa pega...

Alguns cristãos têm sempre a impressão que não estão agradando a Deus. E ficam com aquela dúvida enorme que os vai consumindo, até que chegam a uma conclusão – a grande verdade –, de duas possíveis: a fé deles é pequena; ou, definitivamente, eles não têm fé.

De novo pergunto: será que é assim mesmo? Será esta a “grande verdade”?

Então, muitos oram pedindo fé, ou que Deus aumente-lhes a sua fé. Vivem neste sofrimento, nesta angústia, e não se dão ao trabalho de ler o restante do terrível versículo 6:

“... porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam”.

Assim, meu caro amigo, minha cara amiga, se você crê que Deus existe e que Ele vai lhe dar aquilo que você Lhe pede em oração, tenho uma notícia para lhe dar; uma boa nova. Saiba o seguinte:
Você tem fé!

(Leia: Hebreus 11.1-40)

[Texto revisado. Publicado originalmente no devocionário Semente de Esperança. Edição da Pastoral Popular Luterana/Editora Sinodal. Santa Catarina, 2000.]