Setembro de 2006, manhã de sol num sábado, minha esposa saíra para fazer umas comprinhas e eu mexia e remexia em arquivos no computador quando a dor no peito, que sentia desde cedo, aumentou muito, apesar do remédio contra gazes que tomara antes, num autodiagnóstico obviamente errado. Junto com esta dor, observei outros sintomas presentes (Não vou descrevê-los aqui para não motivar os hipocondríacos crônicos...).
Fiz outro autodiagnóstico e, em primeiro lugar, clamei por socorro ao Senhor Deus, enquanto desligava o computador. A seguir, me dirigi ao banheiro para aliviar o ventre (como o rei Saul – cfe. 1 Samuel 24.3 – e todos nós...) e tomar banho. Tomei uma aspirina, me vesti, e liguei para o celular de minha esposa, pedindo-lhe que viesse para casa. Depois, telefonei para um hospital solicitando atendimento de emergência. Novamente avisei minha esposa o que fizera e fiquei aguardando a chegada do socorro médico.
Tudo isso se deu comigo em permanente oração.
Pelo interfone, falei com o porteiro para deixar o pessoal subir assim que chegasse, sem me avisar. Foi em vão, pois, apesar do meu pedido, o interfone tocou. E o porteiro:
– Doutor, tem um médico aqui. Pode subir?
– Pode, seu Fulano...
Abri a porta do apartamento e nós dois – a tal dor e o degas aqui – permanecemos ali, juntinhos, esperando a chegada da equipe médica.
Ao sair do elevador, eles me viram e foram logo perguntando:
– Onde está o paciente?
– Aqui, doutor. Sou eu. Deixe-me assumir meu papel.
A equipe me olhou espantada, enquanto eu me deitava no sofá. O eletrocardiograma acusou enfarte e, com isto, foram tomadas as providências médicas cabíveis, como é de praxe nesses casos. Neste ínterim, minha esposa chegou e assumiu a parte burocrática.
Fui colocado numa maca e, rapidamente, posto na ambulância. E esta, também rapidamente, partiu “aos berros”, correndo como se disputasse a “pole position” no circuito de Indianápolis. Não tive dúvidas, pedi ao médico para que nossa condução fosse mais devagar:
– Assim vou ter um enfarte, doutor – disse.
O médico apesar de ter um olhar assustado desde o momento de nosso primeiro encontro, sem esboçar ao menos o mais leve sorriso, atendeu prontamente ao meu pedido.
Esse olhar do doutor me causava certo terror. E eu pensava:
– A coisa vai mal pro meu lado...
No hospital o “certo terror” desapareceu. Os médicos fizeram um novo eletrocardiograma e constataram que o enfarte tinha cessado. Glória a Deus!
O único porém foi que o hospital não era coberto pelo nosso plano de saúde. Porém, outra vez, depois de uma verdadeira batalha de um dia travada por minha esposa, com a solução trazida por uma jovem serva do Senhor, fui transferido para outro hospital; este, do nosso plano de saúde. Glória a Deus!
E foi-se o primeiro dia desta jornada. As vinte e quatro e tantas horas de burocracia fizeram com que morrêssemos numa graninha preta...
Fiquei internado por 12 dias; os médicos fizeram um cateterismo e, a seguir, uma angioplastia, quando colocaram dois stents numa de minhas artérias. Se os leitores não se incomodarem, não farei um relato deste momento, novamente por causa dos nossos queridos hipocondríacos crônicos...
Dito isto, concluo que este, também, não é o final da história.
“... invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás.” (Salmos 50.15).
[Continua nos próximos capítulos]